quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Afinal, o que querem as mulheres?


“Na minha vida encontrarei milhares de corpos femininos, desses milhares, desejarei algumas centenas, mas dessa centenas de mulheres, estarei sempre amando só uma, e por que essa e não outra?
O que me fará ter medo de perdê-la? Que parte desse corpo? Que gesto dessa mulher? Que palavra?
O jeito de levar a mão à cintura, uma mecha de cabelo que cai sobre a testa, o livro que lê sozinha na praia...
São necessários muitos acasos e uma teia de conhecidências para que eu a encontre...”

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dira





Eu penso nele quando a fome me empresta uma mão e me faz procurá-lo por todos os poros. Ele navega em mim, e mesmo assim sinto a sua falta e a falta de todas as presenças que eram meio dia até o finzinho de todas as tardes. Ele me faz falta quando me revira as páginas e deixa a sua poesia como rodapé de minhas saudades e eu percebo que fui carbono em dias que não se deixava marcas de metades. A alma que gritava gêmea, definhou quando lhe negou um beijo. É de látex aquela fala e o sorriso, uma bijouteria de pouco valor ou nenhum valor.

Eu penso nele nos dias de feira e nos que ainda assim, me remetem a um cinzeiro de conversa jogada fora. Escrevíamos o amor em silhuetas e estrofes que ele detalhadamente sussurrava e me advinhava as curvas e cores. A poesia era a senha e o álibe o mapa de ansiedades e dúvidas. A cor do dia ele me escolhia quando me abria as asas. 

Eu penso nele nos dias que chovem e nos dias em que me parto ao sol, olho a minha pele que não tem mais o brilho da juventude que ele guardou com ele na carteira de cédulas. E quanto mais me prefiro esfinge, mais eu penso nele e a minha alma fica numa metade visível e outra incompreensível. Eu até economizo, mas o batom sempre acaba.

Eu penso nele quando o batom dos meus retratos reluzem no espelho e ao contrário me remete a um tempo em que eu delineava a praia de Tambaú e prometia surfe nas ondas de Intermares. (Ainda lembro de ter cruzado o oceano atlântico em sua fala sempre tão aflita de quereres e mágoas). Ele se vestia de minha pele e me contava os centímetros de suas metades dentro do apartamento em que me desenhava amor nas paredes.

Eu sempre penso nele quando o travesseiro me conta pesadelos e acordo na madrugada forçando o sol a lembrar-se de mim.

Ele se foi levando as minhas senhas, os códigos e o meu melhor vestido azul. E nunca mais desceram as chuvas fora de tempo e as margens fizeram silêncio em respeito às minhas ilhas.

Eu penso nele quando o batom acaba.

(Dira)

Serenata sintética




Lua 
morta
                    Rua
                    Torta
Tua
Porta


(Cassiano Ricardo)

Catedral

Essa música tem estado constantemente Sticked na minha cabeça, então, hoje, eu resolvi compartilha-la com vocês:



QUANDO O AMOR ACONTECE

Eu não tenho medo de dizer não
Eu não tenho medo do que sinto
Eu não tenho medo da solidão
Eu vivo a vida com os meus pés no chão

Eu não tenho medo da morte
Eu não acredito na sorte
Eu quero é ter Deus do meu lado
Sobre o que penso não vou ficar calado

Tenho asas e não tenho medo de voar
Tenho sede e a vontade eu tenho de beber
Do conhecimento do meu prazer de ter
O teu amor, o teu amor

Vem e mê dê a mão
Tudo faz parte de um sonho
Que já não sonhamos mais
Perto do coração
Quando o amor acontece
É difícil dizer: não!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Carlos Drummond de Andrade



As sem-razões do amor
 
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.


Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.


Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.


Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor

domingo, 17 de outubro de 2010

Charlie Schulz


O que é amor?

“- Então Charlie Brown o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul.
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir… Acho que isso é amor”

(Charlie Schulz)

Tati Bernard

“E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida.”


(Tati Bernardi)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esse Fernando...


“Confesso! As vezes tenho vontade de sair por ai destruindo corações,
pisando em sentimentos alheios ou sei lá,
alguma coisa que me faça realmente merecer
esse meu sofrimento no amor.”

(Caio Fernando Abreu)

Caio Fernando Abreu

Saudade
  
"Às vezes sinto falta de mim.

-Eu também, menina.

-Sente falta de si?

-Não, de você. E dói.

[Silêncio]

-Me abraça?

-Sempre."

(Caio Fernando Abreu)

Gian Fabra

Semântica

"- Só sei que nós nos amamos muito...

- Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?

- Não, eu falei no passado!

- Curioso né? É a mesma conjugação.

- Que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?

- E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações...

- Pensar assim me assusta.

- Porque? Você acha isso ruim?

- É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais...

- Você usou o verbo 'doer' ou 'doar'?

- [Pausa] Pois é, também dá no mesmo..."

(Gian Fabra)

Fernando Pessoa



"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... "

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Essa mulher


"...ah, essa mulher - precisava sair daqui.
Deste planeta que, tão freqüentemente,
parece não comportar a sensibilidade."

(Caio Fernando Abreu)

Adélia


Não somente porque sou apaixonada por ela, mas esse poema é simplesmente lindo!


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado