sábado, 29 de janeiro de 2011

O trem das 5


Todo dia que passa, o trem aéro das 5, me pego pensativo.
Pensando se foste, se vieste, virás, e se até existes. Não sei.
Mas que é bela a imagem, é.
Ele vai passando lá no alto, bem devagarinho.
Pra mim, ele parece um pássaro, pra ele, pareço formiguinha.
Pronto. Passou. Foi-se embora.

(Angelica Almeida)

Uma parte



Uma parte de mim anda tão ausente... E aqui sabe-se o porquê:

Ao me encontrar com a parte que não tinha, passei a me dedicar completamente a ela. Minhas ideias, sonhos, paixões, todas as minhas borboletas-do-estômago voavam felizes por seu jardim. Mas aí, essa parte, que me deixou tão radiante ao encontrá-la subitamente, se afastou.
Fiquei desconsolada. Voltei aos prantos para minha parte inicial, buscando conforto, auxílio, acochego...
Mas ao adentrar, me deparei com uma casa toda suja, cheia de teias de aranha, ratos e toda espécie de animais almáticos. Depois de uma grande decepção tinha que voltar a cuidar de minha casa interior.
Arrumei. Varri. Aspirei. Passei pano. Dedetizei. E que beleza! Ela voltou a ser a mesma de antes! Minha parte primeira voltou a ser o que era.
Sabe mais o que aconteceu? Voltei a reencontrar minha outra parte, e aí foi como no inicio de tudo. Lindo, perfeito e amigável.
Só então percebi, que o que atraía meu segundo 'eu' pra mim não era os cuidados que tinha a ele, ou as atenções exacerbadas. O que o atraía era a beleza da minha primeira parte. Sua leveza. Sua delicadeza. Pude, enfim, juntar as metades de mim, cuidando para que as duas, mesmo diferentes, me tornassem única. E completa.