quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esse Fernando...


“Confesso! As vezes tenho vontade de sair por ai destruindo corações,
pisando em sentimentos alheios ou sei lá,
alguma coisa que me faça realmente merecer
esse meu sofrimento no amor.”

(Caio Fernando Abreu)

Caio Fernando Abreu

Saudade
  
"Às vezes sinto falta de mim.

-Eu também, menina.

-Sente falta de si?

-Não, de você. E dói.

[Silêncio]

-Me abraça?

-Sempre."

(Caio Fernando Abreu)

Gian Fabra

Semântica

"- Só sei que nós nos amamos muito...

- Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?

- Não, eu falei no passado!

- Curioso né? É a mesma conjugação.

- Que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?

- E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações...

- Pensar assim me assusta.

- Porque? Você acha isso ruim?

- É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais...

- Você usou o verbo 'doer' ou 'doar'?

- [Pausa] Pois é, também dá no mesmo..."

(Gian Fabra)

Fernando Pessoa



"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... "

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Essa mulher


"...ah, essa mulher - precisava sair daqui.
Deste planeta que, tão freqüentemente,
parece não comportar a sensibilidade."

(Caio Fernando Abreu)

Adélia


Não somente porque sou apaixonada por ela, mas esse poema é simplesmente lindo!


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado